CÓRREGO PENDURADO
Autor:
Mauro da Nóbrega
Pedagogo
e Especialista em Gestão da Administração Pública.
Para abordar um tema
que constantemente trago em minhas canções e cordéis, que é a preservação da
natureza e a conservação das nossas nascentes, vamos voltar aos tempos em que em
Almas não possuía redes de água tratada, espalhadas pela cidade, e as pessoas
utilizam os córregos próximos da cidade para lavar roupas, tomar banho, lavar
louças e pegar água para beber. Córregos e nascentes estes, que praticamente
desapareceram por ações praticadas pelas mãos do próprio homem.
As pessoas que moravam na Rua Velha, utilizam
os Córregos, Pratinha, Cacimbão, Lapa, Praia, etc. As Pessoas que moravam na
Rua Nova, utilizam os Córregos João Alves, Tripa, Chica de Sousa e Pendurado.
Neste relato, vou falar
sobre o Córrego Pendurado. Esse Córrego recebeu esse nome, em razão de nas suas
margens, mais precisamente em uma das árvores ao redor de sua nascente, ter acontecido
um suicídio. Uma pessoa morreu ali enforcada, a mesma foi achada pendurada numa
árvore. Daí o nome Pendurado.
Esse Córrego está
localizado hoje, dentro da cidade, e a sua nascente está totalmente degradada,
e das grandes árvores que formavam uma pequena mata ao seu redor, restam apenas
alguns pés de Jatobás e Copaíbas. Na verdade, eram duas nascentes. Uma,
chamávamos de Poção. Era um poço fundo, onde os banhistas pulavam de uma
ribanceira de mais ou menos quatro metros de altura, a água minava nas paredes,
formavam o Poção, e desciam pra encontrar com as águas da outra nascente que
ficava bem próxima. Essa outra nascente era utilizada para pegar água potável.
Era ali que as pessoas enchiam seus potes, latas e baldes de águas, para o
consumo humano. Era uma água doce e cristalina, que brotava das paredes do
grande buraco formado na nascente. As pessoas desciam por uns degraus formados
nas paredes e pegavam a água lá dentro. Era trabalhoso subir os degraus de
barro com as vasilhas cheias de água, mas era o que tínhamos para o consumo.
Hoje restam apenas uma rua asfaltada em cima de uma das nascentes, e a outra
pedindo socorro, pra ver se sobrevive em meio a tanta devastação.
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