Folias, Reinados, Súcia, Artesões e Rezadeiras em Almas

FOLIAS




 
 


 

 


















Segundo informações, o Bandeirante Bernardo Homem, foi o Primeiro Imperador, da folia do Divino aqui em Almas. Ele construiu uma grande casa feita de pedra, onde hoje fica a rua que recebeu o seu nome, (ainda existe parte da casa), e da porta desta, ele estendeu um tapete de pano até a Igreja São Miguel, e cobriu este com pó de ouro para ele ir assistir aos Festejos do Divino, e as Missas pisando em ouro.
A devoção do Divino Espírito Santo,  foi trazida para o Brasil através da família real. Uma princesa fez uma promessa que se a Família Real de Borgonha se unisse com a Família Bragança, todos iriam cultuar o Divino Espírito Santo. E assim o fez, e esta devoção foi espalhada por todo o Brasil, no Continente Africano e em todas as colônias portuguesas. A festa foi organizada por unir pessoas e famílias, e esta pratica permanece até hoje unindo pessoas e famílias, através da fé no Divino Espírito Santo.
Depois que Bernardo Homem foi Imperador do Divino não se sabe como foi dado o prosseguimento a devoção, nem quanto durou. Sabe-se que foi Doroteu que reorganizou a Festa do Divino em Almas, em acordo com os Padres, que acertaram inclusive a data do reinado para 31 de julho, época esta em que estes podiam passar por aqui.  
Com o passar dos anos, a festa ganhou também um toque folclórico, e tornou-se tradição em todas as cidades aonde esta foi cultuada.
Antes as Bandeiras do Divino, eram únicas, quando terminava o giro, ou anunciação da ressurreição de Cristo, estas eram guardadas na Igreja e só saiam para o giro do próximo ano ou para algum evento especial. Hoje, cada Imperador faz suas próprias Bandeiras, fazendo assim com que a festa perca  um pouco aquele vínculo religioso e tradicional.
Contam os mais velhos da região que os foliões passavam os 40 dias do giro em total recolhimento quanto à vida mundana. Não podiam namorar, pois caso fizessem estariam pecando. E segundo informações, isto realmente acontecia, os foliões que atreviam a namorar, desmaiavam, os outros foliões tinham que cantar para este voltar ao normal. Hoje em dia fazem o que quer, bebem a cachaça que querem e nada acontece. Porque será?. Imagino que seja pelo fato de cada ano que passa mudarem alguma coisa nas festividades. Chega um padre diz que a festa do Reinado tem que ser dez dias após a chegada. Vem outro diz que é pra manter a tradição da festa ser no dia 31 de julho.  Antes o Imperador era sorteado, e era uma surpresa para quem recebia essa missão, e encarava como sendo um chamado de Deus. Tendo ou não condições financeiras a festa era realizada, pois se tratava de uma festa Religiosa, e para anunciar a palavra de Deus não é preciso ter dinheiro, e preciso ter fé. Hoje não se sorteia mais o Imperador, e escolhido a dedo. Geralmente dão preferências para quem tem dinheiro. Será que é o certo?. Será que a tradição de tantos anos onde o Imperador era sorteado estava errada e só agora descobriram o erro? Os foliões giravam por Amor e  Devoção a Deus, hoje tem muitos que só vão se for pago. O que está acontecendo com a nossa tradição? Eu me lembro que quando eu era criança, no dia do sorteio do novo Imperador, minha mãe dizia:  - o Imperador deste ano e um homem branco, pois o céu está limpo, ou dizia: o Imperador deste ano e de cor escura, pois o céu está nublado. E hoje será como fica o céu no dia da escolha? Não, o céu não anuncia mais nada quem anuncia são os homens.
Querem comparar a nossa festa com a de outros lugares. Ora, cada lugar tem a sua cultura, e a sua festa deve ter a cara do seu povo, se começar mudar, e querer fazer igual a de outros lugares, deixa de ser tradição e passa a ser um campeonato de folias. Vamos ver quem faz melhor nós ou os outros. Às vezes a essência das coisas está justamente na sua simplicidade.
O objetivo da folia, e anunciar que Jesus ressuscitou, e está vivo. Por isso ela sai no Domingo de Páscoa. Os foliões, juntamente com os Alferes, são os anunciadores da boa nova. Jesus Ressuscitado.

E que o Divino Espírito Santo abençoe a nós todos.


REINADOS





























No reinado, o uso da Coroa, faz referencia à família real portuguesa. Pelo fato do Rei de Portugal reunir o povo para celebrar o Divino Espírito Santo. O Reinado antigamente acontecia sempre no dia 31 de julho, mas há alguns anos foi mudado. Segundo dizem os organizadores dessa festa, ela acontecia no dia 31 de julho  em razão de ser essa a época em que passava padre aqui no município, e que foi alterada a data, para o dia correta, que é  cinqüenta dias após a Páscoa a Festa de Pentecostes que celebra o dom do Espírito Santo enviado por Deus à Igreja. No oitavo dia à noite após a chegada das folias tem a Festa do Mastro de Nossa Senhora do Rosário, no sábado durante o dia, tem o Reinado de Nossa Senhora do Rosário. No Sábado à noite, tem o Mastro do Divino Espírito Santo, e no Domingo durante o dia, décimo dia após a chegada, acontece o Reinado do Divino Espírito Santo. Em todos esses dias festivos,  são servidos vários tipos de comidas típicas  aos participantes, licores, bolos, doces, paçocas, etc.



SÚCIA e JIQUITÁIA

A Jiquitaia é uma dança proveniente dos escravos, cuja historia tem raízes em Almas, formando parte precisa da identidade cultural de seu povo. Um misto de festa do Divino Espírito Santo, súcia e ritmo de tambores com cantorias bem entoadas, a dança faz simulações de toques às vezes íntimos ou simulações de uma operação “mata insetos” pelo corpo. 
Dentro dessa mesma linha conta-se que a jiquitaia nasceu dentro das senzalas, no momento que os escravos iam dormir, deixando fragmentos de comidas dentro dos aposentos e às vezes eram atacados por uma formiguinha vermelha que tem uma picada muito dolorida e que atacavam em grupo, que são as formigas jiquitaia. Às vezes muitos cansados tentavam se livrar dos ataques das formigas, e isso virava um tipo de brincadeira para o dia seguinte, e quando estavam tocando atabaques nos finais de semana, perceberam que aquilo “dava samba”. Então os escravos começavam as danças e simulações as reações dos ataques das formigas, daí começou a Jiquitaia como dança. Contudo ela é um segmento da Súcia, ou seja, danças que não há toques, mas si simulações. A jiquitaia assim como a Súcia, são danças típicas de Almas e do Sudeste do Tocantins.
Nos momentos de descanso do oficio dos cânticos da religiosidade, eram inseridas algumas danças que tinham como principio não tocar nas pessoas, principalmente no sexo oposto. E para amenizar eles começavam a dançar em volta das fogueiras , algumas danças em que as mulheres comandavam eram tocadas, aconteciam até insinuações, mas não o toque propriamente dito. Surgiu então a súcia que é dançada em volta da fogueira.


GRUPOS DE DANÇAS TÍPICAS DE ALMAS

GRUPO JIQUITAIA

O Grupo de Danças Típicas de Almas, denominado de JIQUITAIA, formado por alunos do colégio Estadual Dr. Abner Araújo Pacini, já realizou apresentações em várias localidades do Brasil e no exterior. Durante o Espaço Brasil na França em 2005, em Paris o Grupo mostrou um pouco da cultura almense para os franceses. No Brasil o Grupo JIQUITAIA se apresentou em várias cidades, dentre as quais Teresina Capital do Piauí, por ocasião do 26º encontro Nacional de Folguedos do Piauí, em Palmas e outras cidades, sempre alcançando sucesso de critica e de publico.

GRUPO QUILOMBAIÃO

Grupo formado totalmente por Quilombolas, surgiu no ano de 2015, e eu tive o privilégio de sugerir o nome desse grupo. QUILOMBAIÃO, porque é um grupo de Quilombolas, e a sua maioria e da Comunidade BAIÃO. Esse grupo também já se apresentou em várias cidades, levando a cultura almense aos quatro cantos do Brasil. 






















ARTESANATO:

O Município de Almas é muito rico na diversidade cultural. Na área do artesanato, temos grandes artesões que trabalham com Capim Dourado, matéria-prima extraída aqui mesmo no município. Temos também artesanatos feitos de barro, palhas de buriti, madeira e sementes típicas da região.   

CULINÁRIA:

A culinária do Município de Almas, é bem diversificada. Temos: Sirigado com pequi, arroz casado ou baião de dois, paçoca, bolo de arroz, pipoca e biscoito de polvilho, mangulão, bolo de mandioca, ginete, licor de jenipapo, licor de caju, doce de caju, doce de buriti, costelado com mandioca, buchada bovina e mocotó. 

REZADEIRAS, REZADORES E MACUMBEIROS:

O Município de Almas, por ser um local povoado inicialmente por escravos e índios, sempre carregou em sua história o misticismo. Neste município, sempre existiu rezadeiras e rezadores pra tudo: Arca caída, Mau Olhado, Quebranto, Engasgo, Erisipela, Magia Negra, Magia Branca, reza pra tirar praga de lavouras, pra gado parar de morrer, pra consertar a vida, pra desmantelar a vida dos outros, pra curar doenças diversas e pra fazer descarrego de energias negativas. 




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