A chegada do Progresso em Almas

CONHECENDO AS HISTÓRIAS DO LUGAR ONDE VIVO!!
Autor: Mauro da Nóbrega (10/11/2016)
1 - COMUNICAÇÃO:
1.1 – Telefonia:
Houve um tempo por aqui que a comunicação era apenas através de cartas, bilhetes ou algum recado recebido através das Rádios AM (Rádio Nacional de Brasília, Rádio Globo, etc,..), mas em fevereiro de 1983, foi inaugurado em Almas, o Posto Telefônico, inauguração esta registrada na foto abaixo, onde aparece o então Prefeito Sisenando Pacini  juntamente com inúmeros cidadãos e cidadãs ilustres desse município, cortando a fita de inauguração.
A partir desse momento, Almas passou a está conectada com o mundo, através do sistema telefônico.  



As pessoas chegavam no Posto Telefônico, informavam à telefonista o número que queria ligar, e esta discava. Após atender a telefonista se identificava e falava quem gostaria de falar com quem, só então, encaminhava o usuário para a cabine para fazer o seu contato. A telefonista marcava o tempo da ligação e cobrava conforme o tempo gasto na conversa. Quando a ligação vinha de fora, a telefonista atendia, anotava o nome de quem deveria receber a ligação, se a pessoa que ligou marcasse um horário, era tudo anotado, e o mensageiro (pessoa que procurava o destinatário do ligação) que era o nosso grande amigo Aldeney Rodrigues de Oliveira (conhecido por Paca), ia até a pessoa que deveria receber a ligação para transmitir o recado, para que a esta fosse até o Posto Telefônico para receber a ligação na hora e data marcada.  Passado alguns anos, veio os orelhões, e foram disponibilizadas linhas para serem instaladas nas residências, mas como na época era um serviço muito caro, poucos tinham o privilégio de ter uma linha telefônica instalada em sua residência.  O sinal de celular chegou em Almas em 2005, e hoje é um dos meios de comunicações mais popular por aqui. Com a expansão do celular, o telefone fixo, perdeu espaço, e hoje são poucas as residências que ainda utilizam esse serviço, e em muitos casos é apenas pela questão da internet, que depende de uma linha telefônica.

1 .2 – TELEVISÃO

Em1982, o Brasil com uma das melhores seleções de todos os tempos na Copa do Mundo, e em Almas, não pegava sinal de TV, a única forma de saber notícias da Copa era através do rádio. Mas muitos daqui de Almas, se deslocaram para Natividade na carroceria de um caminhão para assistir aquela derrota do Brasil para a Itália, com três gols de Paolo Rossi.  
Depois de 1982, o sinal da TV em  Natividade deu uma melhorada e aqui em Almas pegava em alguns pontos, com uma antena na ponta de uma madeira, o mais alto possível. Assisti TV pela primeira vez, na casa de Sr. Isidório e D. Jani,  era uma TV bem grande em Preto & Branco. Eles colocavam várias cadeiras nós sentarmos, alguns sentavam no chão, e era pura diversão. Isso tudo quando o moto que fornecia a energia pra cidade era ligado durante o dia por algumas horas, ou a noite quando este funcionava das 18:00 às 22:30 horas.  
Lembro-me de um episódio que aconteceu um dia que estávamos assistindo TV por lá, e tinha uma senhora atrás de mim com uma criança no colo, e eu acho que devido ao movimento da imagem na TV, e a falta de costume, a criança vomitou nas minhas costas.
Foi quando os meninos de Sr. Lindomar  de Souza (Sandro, Saulo, Sérgio, Jussara, Simone), compraram uma TV pequena que funcionava com bateria de carro, colocaram uma antena bem alta, ai passamos a assistir filmes, novenas, seriados, noticiários por lá, independente do motor está ligado ou não. Em 1985 quando foi transmitida a novela Roque Santeiro, em Almas já tinha torre de TV, mas não tinha ainda energia elétrica como temos hoje, pois tinha hora pra chegar e pra acabar.


2 – ENERGIA

Em Almas, o primeiro motor gerador de energia, ficava ao lado da venda de Júlio Costa, na beira do Córrego Praia,  numa pequena casinha (vide foto abaixo). Era um motor pequeno, que gerava energia praticamente para alguns portes na Rua Velha, Prédio da Prefeitura e casa de algumas autoridades da época.  

Com o crescimento da cidade, e a expansão para o local denominado de Rua Nova,  houve a necessidade de adquirir um motor maior. Foi quando a CELG - Centrais Elétricas de Goiás, trouxe um motor e um gerador grandes, para gerar energia para a cidade, prédios públicos, etc., instalando o mesmo em um prédio que existia no local onde hoje funciona a Câmara Municipal de Almas (vide foto).


Poucas residencias tinham energia elétrica nessa época.  Quem ligava e desligava ele durante a semana, das 18:00  às 22:30 horas era o nosso amigo o Saudoso Joaquim Motor. Às vezes era ligado durante o dia, quando precisava fazer algum procedimento do Hospital.  Quando faltavam 30 minutos para desligar o motor, eram dados sinais com algumas aceleradas para todos ficarem alertas, pois a escuridão ai tomar de conta da cidade.
Mesmo sendo está a nossa fonte de energia na época, ainda tinham alguns malucos que colocavam açúcar no tanque do motor, ai eram vários dias sem aulas a noite devido ao problema do motor.  
No ano de 1986, mais precisamente no mês de junho, na gestão do então Prefeito de Almas, Hugo Araújo Filgueira, inaugurou-se a energia que temos até hoje por aqui, e o famoso motor foi aposentado de uma vez por todas. 


Curiosidades:

A primeira vez que a energia ficou ligada aqui em Almas durante toda a noite, devido à claridade que ficou a cidade, pois foram instalados muitos postes com lâmpadas, as galinhas não dormiram, amanheceram o dia andando na rua. E nós da época que nunca tínhamos visto isso também.

Na época da construção da rede de energia por aqui, veio muitos trabalhadores de fora, que eram funcionários da Empresa GE, e nessa época nasceram muitos meninos e meninas por aqui, e os filhos das que não eram casadas, o povo dizia que eram filhos dos homens da Luz.





3.0 - ÁGUA

Em Almas, existia apenas um poço artesiano, e um reservatório de água nesta área cercada próximo ao hospital, o reservatório e o poço ainda existem, mas desativados.   Nesta área, tinham duas casinhas, dentro de uma delas tinha um motor com um pequeno gerador para gerar energia para o funcionamento da bomba que puxava água do poço para encher a caixa (vide foto).



A água desse reservatório ia apenas para o Hospital São Miguel, Escola Alberto Rodrigues da Silva, Delegacia de Polícia, Prefeitura (que ficava na Rua Velha), e para a casa de algumas pessoas importantes da cidade. 
No centro da Praça São Miguel, tinha um chafariz (vide foto abaixo), que era para os demais moradores pegarem água para as suas necessidades. Mas como nem sempre tinha água disponível no chafariz, muitos recorriam ao João Alves, Pendurado, Tripa, Chica de Souza, Cacimbão, Pratinha, Lapa, e Córrego Praia, para lavar roupas, tomar banho, e pegar água para beber.



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3 comentários

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Unknown
admin
28 de outubro de 2017 às 18:50 ×

Parabéns Mauro! Adoro ouvir " causos" principalmente de pessoas mais velhas que vivenciaram tudo isso. Reviver nossas origens é muito bom. Pena que nos entristece saber que tínhamos tanta água(João Alves, Pendurado, Tripa, Chica de Souza, Cacimbão, Pratinha, Lapa, e Córrego Praia) e hoje está tudo seco. Lamentável! Parabéns amigo Mauro pelas riquíssimas informações sobre nossas origens.

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Unknown
admin
30 de outubro de 2017 às 20:24 ×

Parabéns Mauro, como é bom ouvir está história. Cheguei a pouco tempo nesta cidade, mais a cada dia me apaixono mais por ela. Já sei exatamente o que trabalhar, o que contar para meus alunos no Aniversário de nossa cidade. Ajudou muito ouvir isso.

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31 de outubro de 2017 às 07:18 ×

Pois é Paula, essa é a intenção. Que esse blog sirva para registrar a nossa história, e ao mesmo tempo seja uma fonte de pesquisa. Obrigado por ter gostado.

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